9.4.08

o novo mundo

a meu pai, que tanto amo



A morte pegou
seu Brás de repente,
e na manhã
daquele domingo
o mundo todo
já era
diferente.

Não mudou só pra
filha mais nova,
que ainda
nem tem o diploma
na parede, ou
para a outra mais
velha, que
o amava como se
ama a própria
vida, ou para a
esposa, que agora
se estica toda noite
sobre o vácuo
infinito de
uma cama de
casal.

Não, não é só
para os que viam seu Brás
comprar pão todas
as manhãs
frias de Bauru
que o mundo
mudou. Também para mim
,que o vi apenas uma vez,
o universo
perdeu seu equilíbrio
costumeiro.

Nunca
mais será o mesmo
o gosto da
fruta, nem o
cheiro
da terra e muito
menos me olharão
do mesmo jeito
os olhos deste retrato
de delegado que
,entre o silêncio e a distância,
esperam que eu diga
,ao menos uma vez na vida,
"pai, eu te amo".