19.8.11

Que a solidão me diga
onde ir, quem
liga
que a morte
venha, quando
os dias
passam e o rastro dos
mortos aflita-se em teu
peito.

Tenho preguiça
de pensar.

Tenho preguiça.

Mas o mundo em minhas mãos
tem formas que
desconheço.

Que me diz o pinheiro distante
que em sua firmeza
desafia o concreto
dos prédios mais altos?

Meu dedo cortado,
em frente à noite densa
ao uivo do gato
às garras caninas
ao lobo dos olhos
ao globo do mundo

SOU FUNDO
como um apocalipse
cuja promessa
é o amanhã.

SOU LUZ
que quando amanhece
esvanece sem vida.

SOU TUDO
que dança
na madrugada
e lhe desafia.



A solidão de Deus me olhando nos olhos.



Eu tenho a morte
como quem tem
um filho.

1 Comments:

Blogger ... said...

este animal, humano


"Fala mais uma vez comigo, vamos, como d'antes." duro esgar nos labios entreabertos, tremulos. olhos semicerrados.loucura, conseguia discerni-la. "Nao faz assim, desse jeito egoista, nao faz assim." meu bracos ao redor, envolvendo-a. "vamos, anima-te, lembras-te ? vamos, como d'antes, vamos..." meu pescoco disconexo, minha cabeca atordoada.

"vou pegar minhas coisas, tah na hora de ir embora. aqui nao dah mais. nao tou aguentando." penso te ouvir, como d'antes, mas nao falas comigo. esta angustia, este engolir vazio, digo-me, penso-me, resquicios vagos de raciocinio.

"eu sem ti e tu sem mim ? nao, assim nao. assim nao." meus gritos, como d'antes. te perdi aos poucos. "o mundo sabe, nossos amigos sabem, fomos feitos um igual ao outro, temos sorte disso." fui sentindo-te ir aos poucos.

"Eh verdade, mas esse teu ciume, essas coisas sem sentido que me fazes, essas duvidas que me atiras na cara, principalmente quando estahs bebado. essas palmadas sem sentido, violentas, que atiras nas paredes quando algo nao te agrada, nao aguento mais."

"queres fugir de mim, eh isso? tahs fodendo com ele, eh isso? eu chego tarde, ele tah por aqui, tuh de banho tomado.. um mais um, sao dois, soh tou ligando os pedacos, porra... eh isso?" meus berros, como d'antes, minha mao espalmada, atirada na parede. loucura, conseguia anteve-la.

"para, por favor, para. para. os vizinhos, que vergonha." suplicas-me vaga, chorosa.

"os vizinhos ? os vizinhos, caralho!! nohs aqui confrontando o resto de nossas vidas juntos e tuh preocupada com aparencias?" masturbacao mental: esta ideia fixa de um outro penis, o dele, na tua vagina, em tua boca.

"tchau, vou pegar minhas coisas." ouvi-te de novo, virando-me as costas.ficou escuro. quem toma conta deste meu corpo que nao eu?

o inferno, a beira dele. este animal, humano, que nos forma, disforma, deixa marcas. esta ideia fixa. o escuro, o pegajoso, ensanguentado ao redor. no chao, minhas pernas dispersas, confusas, paraliticas. esta faca no chao, que faz?

"Fala mais uma vez comigo, vamos, como d'antes." duro esgar nos labios entreabertos, tremulos. olhos semicerrados.loucura, conseguia discerni-la. "Nao faz assim, desse jeito egoista, nao faz assim." meu bracos ao redor, envolvendo-a. "vamos, anima-te, lembras-te ? vamos, como d'antes, vamos..." meu pescoco disconexo, minha cabeca atordoada.

9:01 da tarde  

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