8.9.11

A mão na garganta
por dentro dos nervos
por fora do tempo

TE CORTA E RODA E RODA

e leva a morte contigo
e teus pulmões inflados
e tuas mãos manchadas
de sangue
e terra
e trovão

Que as sombras sob teus pés
são rastros de morte

Que as sombras em teu corpo
cansado de solidão

Abre teu peito com a faca
quebra as costelas
e abafa em teu crânio
o pensamento

E MOVE A MANDÍBULA
E CORRE PRA LONGE
E CRAVA NO CHÃO
teu corpo
pesado.

E planta teus dentes na pedra
e a rega com o poema
e lambe o coração do vazio
e acorrenta teus pés
na cidade e grita teu nome
ao avesso
enquanto salta dos prédios mais altos

CORRE SOBRE AS NUVENS
E SE LANÇA AO CHÃO

que de nada servem asas
a quem não tem pés