27.10.08

O Super-homem: Nietzsche sem me dizer de Nietzsche

Eu já cheguei ao limite e saí dele. Mas agora estou aqui, em um outro lugar, e nem sei como chamá-lo. É provável que seja depois do limite, o lado de dentro da ferida - como se você a virasse, entranhas à fora e chaga a dentro com a força dos próprios punhos. A dor não é uma cura, mas é ela quem nos torna mais vivos. O limite é o este lugar onde Eu não existe, onde Eu estou além de mim, mas ainda em mim. Já passei por isso como se passa por um calvário - é uma pena que Cristo tenha sofrido e morrido por nós; ele nos tirou a chance de morrermos nós mesmos e nascermos de novo, nascermos da dor, das chagas, do sangue, nascermos além do limite. Quem foge da dor de ser um homem, será sempre um aquém-homem; quem a aceita, torna-se um além-homem. O homem, na verdade, é o limite. Ou melhor: o limite do homem é o limite. Depois dele há além, há isso, essa estranha agonia, essa estranha calma. Quem prova da dor e a aceita de braços abertos se transforma em um auto-vampiro: tem sede do próprio sangue, e se faz mais morto a cada mordida. A morte do homem é seu limite, e seu limite é além, o moto-contínuo da dor: vazio, vazio, vazio. A violência de quando lhe invado as entranhas, esse ferir-se amavelmente: o sexo é um limite, uma experiência da dor. Ninguém se sente novo porque tomou um banho, mas porque precisou dele. O suor: eu me limpo com meu suor; as solas grossas do meu pé, aceitar esquecer-me: eu não quero tirar fotografias: eu só quero estar além: dentro de você, sem saudades, sem sofrer: eu quero te machucar com meu esquecimento: apague-se

a morte como a vida a morte enquanto potência além vida. além mim. além do limite, Clark Kent, é abraçar sua criptonita.

1 Comments:

Blogger mia said...

Adorei o texto! Foda.

10:45 da tarde  

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