9.12.08

Certas noites, a barata sou
eu. O inseto
sou eu.

Não há muito contra
o que brigar. Baratas
não brigam, só
fogem. A barata
,certas noites,
sou eu.

As duas antenas e o aspecto
sujo; eu não acordo
e sou o inseto. Eu o sou
à noite, antes
de dormir, em frente
ao computador, pensando
nas cores, pensando
na epistemologia.

A barata está aqui
,em casa,
a própria casa
onde é intruso. Ela caminha
pelos corredores noturnos
por cima
das pegadas, longe
dos pés, e se
pergunta porque
sua casa já não
é sua.

Eu sou o inseto,
esta noite
eu sou o inseto
massacrado
por dois gramas de documentos
e o acaso
que nos abate
a 40km/h em uma
tarde
de segunda feira
congestionada.