20.4.08

Poemas que nasceram e não merecem respeito

I
Um anjo na minha bicicleta
me disse ontem que era pra
eu esquecer
essas coisas estúpidas sobre o amor.

Eu concordei com ele.

Concordei e fiquei quieto e sereno e pacífico.

Até que caí
no chão e meu dente caiu
sobre
o asfalto
como uma gota de chuva.

Aí tudo mudou, e eu só queria amar
de um jeito idiota
enquanto minha boca
sangrava estupidamente
numa
noite
de abril.


II
Eu queria não sentir
nada. Queria lamber
pimentas e espremer
limão nos olhos como quem não
tem nada pra dizer mas
ainda assim quer
fazê-lo.

Eu queria não sentir nada,
nem frio, nem calor, nem o beijo
daquela menina que
um dia foi bonita
mas agora
sente
muita coisa que não
entende - e ainda é feia, coitada.


III
A cidade invisível está bem
ali. Eu sei, porque a vejo
com os olhos.

Nela habitam
um milhão de mágoas que dirigem
loucamente no transito caótico
dos sentimentos
calados.

E eu ando
de bicicleta.

IV
Gordinha, gordinha, gordinha... se eu
tivesse um milhão de rosas
dar-tas-ia sem pestanejar.

Mas eu não tenho.