7.4.09

Sobre coisas bobas

Os franceses dizem
que querem
a liberdade, mas sempre
fazem do jeito
mais complicado. Eu os achava
bobos como as crianças
ao ler
o livro do André
Breton que tem nome
de mulher, mas que de mulher
mesmo ele só fala depois
de 40 páginas com coisas
estranhas. E eu
achava engraçado também que
ele, falando tanto
das coisas simples
e automáticas
e das belezas convulsivas
- como as espinhas, vulcânicas da pele -
e de tudo isso que antes de ser livro
já era manifesto,
não conseguia escrever realmente
sobre bobagens.

Quando ele encontrou a tal
da Nadja, ele ficou conversando
com ela sobre o trabalho
e o tempo livre e
a liberdade - acho que
ele conversava com a própria
mãe como quem faz um manifesto -
, e eu
,lendo tudo aquilo,
só queria saber se ela
era tão bonita quanto
parecia ou
se era mesmo convulsiva
como os livros
que ele pretendia
escrever e as espinhas
que na minha cara
a Duda costuma
apertar.