12.3.09

Os pecados de domingo

Essa vontade idiota
de tudo ter
nas mãos e de todos
os livros do
mundo ter decorados,
para citá-los
na hora do
desespero; isso não
serve para
nada.

Há mais fúria
no café do domingo
que nas mais
sangrentas
guerras civís.

De manhã, quando o
sino da igreja
soa, todos os
nossos pecados são
intimados a
comparecerem ao
altar; mas eles não
vão. As pessoas
realmente felizes
ficam em casa,
cultivando seus pecados,
lavando as roupas de toda
a semana, chorando como
crianças quando
os seus joelhos
se ralam,
beijando a mulher
que se ama,
penetrando-a
com o riso no canto
dos olhos... do
que seria a vida
sem a santa
fúria de todos
os pequenos
pecados do mundo aos domingos
de manhã, sem as
tristezas bobas
que nos deixam anciosos,
sem o desejo besta
de brigar por
causa do último
pedaço de bolo com
o teu irmão pentelho?

Quem seria tolo de querer
,finalmente,
a paz eterna?, a calmaria
dos ventos polares?, a estranha
sensação
daqueles que já morreram
,sem dor alguma,
enquanto respiram
em pé aliviados?