1.4.09

Quando eu me olhava no espelho e me via feio, feio de doer os dentes por dentro, e escrevia poemas sobre a feiura pra ver nas palavras alguma beleza, era mesmo porque eu estava endoidando. Hoje eu estou calmo, estou tranquilo, nada tenho na cabeça senão a cabeça. E em mim, lá onde a gente parece que sabe das coisas, hoje eu sinto falta daquelas coisas bestas. Porque hoje eu leio meus poemas antigos e vejo minhas fotos velhas como quem sente pena. E quando eu não sentia pena, vivia cada problema como o último suspiro antes da morte e não pensava que tudo aquilo era bobagem, que ia passar mesmo.

As coisas passam, e são bonitas... e nós somos bestas de aceitar que elas passem antes delas terem passado.

Hoje eu sei que eu gostava de ser feito e de escrever poemas sobre ser feio. Mas já não adianta...