17.2.09

Tenho vinte e um anos
e sei que as
coisas caminham com
suas próprias
pernas, como
as baratas. Sei que a vida
continua, embora pareça
estar parada. Um tédio
estranho é como
um prato de macarronada gelado: nada
mais grudento e vermelho
pode existir.

Vingar-me do passado. Enterrar-me
sob a areia da
caatinga, correr pelos
rios secos do sertão
e olhar-se no espelho
com orgulho das cicatrizes
que te dão um
novo nome: as escamas
me escapam.

Eu quero embebedar-me
toda noite e esquecer
quem sou toda manhã,
deliciar-me
com o cheiro estranho das
coisas sob o
perfume da
ressaca.