9.5.09

Quando as tartarugas buzinam
e te chingam no trânsito,
e os cágados com o dedo
do meio rígido
como um
cacete de diamante,
o mundo todo desce
do céu com
uma bola de futebol
e se encurva em tua
cabeça.

Pra que tanta pressa,
se a vida é longa
e a morte é uma constante?

Não quero comer sucrilhos
como quem deve a Deus
uma missa de domingo.

Meus olhos são só dois
para tanto mundo
e para a inércia veloz
com que ele gira
em torno
de mim. No meu umbigo,
uma piscina de exageros
transborda: o trem passou,
e eu não vi. Pra onde
eu fui e pra onde
eu poderia ir? Nem a epistemologia
pode me salvar de todas
as coisas que não
conheço, mas que
me espreitam com
o rabo do canto
dos glóbuculos.

Não há coisa alguma que nos escape
e não nos deixe
boiando sobre
uma líquida
angústia? Os objetos
que me cercam
e suas marcas de ciência,
onde estão as trevas
do mundo? Tudo em
minha volta
está pendurado por um fio
que não tem origem,
e que não está
preso em teto algum.