11.5.09

Sobre os sonhos dos teóricos

Eu tenho um sonho, não nego. Quero que a voz dos homens se calem diante da estonteante realidade das coisas. Quero que os objetos esquecidos apareçam, como aranhas escondidas no sotão, e botem terror na casa dos velhos aposentados. Se a teoria fosse um esporte, eu seria sociólogo. Mas não sou. O que eu quero fazer é trazer à tona a maravilha esquecida das coisas. Quero que os mestres se ajoelhem diante do mundo que eles não conhecem. Quero que os objetos surjam de suas concavidades e os injetem veneno para matá-los de desgosto. Quero que o esquecido volte-se a eles e diga "estou aqui!, você não se deu conta" e mostre que o pensamento será sempre insuficiente para a grandeza do mundo. Meu sonho é que a teoria sirva para nos trazer essas coisas pequenas, os sapatos desamarrados, as músicas de elevador, o instante silencioso do café da manhã, o jantar que tem gosto de alho, a filosofia que não deu conta de explicar os cachorros de rua, o mio dos gatos... Eu quero que a teoria se erga da Terra como um pilar de pedras, e inquiete aqueles que dormem tranquilamente em seu sono epistemológico. Há uma guerra lá fora, e eu quero fazer parte dela. Quero estar do lado das coisas, lutar por elas, e ver o que ninguém viu, e levar a teoria onde ela não pode chegar. Eu quero que o mundo renasça de suas próprias cinzas, e que o inexplicável seja o espírito risonho de nosso apego sem limites à vida.

1 Comments:

Blogger Mura said...

Nossa, Pina, é bem isso que a gente vem tentando encontrar opr aí. O equilíbrio e "a maravilha esquecida das coisas".
Lendo teu TCC fica mais fácil entender o que você escreveu aqui, aliás, ainda não terminei, mas agora estou mais animado pra continuar.
Abraço!

12:34 da tarde  

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