30.5.10

É que os anjos me contaram

Pai, perdoe meus pecados
que deles não tenho
vergonha; na ponta
do meu pé, o sangue
de todo
um corpo se contorna, de lá
pra cá não
sou o mesmo; em mim
um homem gira de-dentro-pra-fora, e
nele os tempos correm,
como relógios
e círculos,
em minha cabeça o mundo
pesa, como as patas
pesadas dos
gatos, sapatos
que te plantam à terra;

e o homem é feito de pedra,
nele tudo se escreve
ao peso da pena, ao sopro do lábio,
à força dos dentes -
sua sentença,
para sempre cravada
na carne.

e quem me lambe e em mim
crava seus dentes, devora-me
arranca-me o peito
o feito e o pênis,
e deles façam biscuits
e de meus cabelos
tracem estradas sobre os mapas
e de minhas veias canais de esgoto
e de meu meu coração, um
aterro sanitário.

O homem é uma cidade escura
SOB A NOITE E A NÉVOA ELE SE ESCONDE
e como um arranha-céu, desaba sobre
a grama, empala a madrugada
com seu terror...

FRICÇÕES, meu mau hálito
a línga que se atola
em tua boca, desesperada, varrendo
o vazio e a saliva, as leis
e os cultos, Deuses
chamados AMOR e VRANCTUM:
o nome dos Deuses é
SER, e o SER é TEMPO,
e o TEMPO é CARNE
e a CARNE é HOMEM
que sangra, dilacerado
pelo passado,
pressionado por seu
futuro, duro
como MALACHITA,




Um Halo contorna a boca dos anjos,
vermes neles habitam,
eu morro agora, mas já me
mataram antes

1 Comments:

Anonymous Duda said...

Ontem escutei você sussurrando isto enquanto eu dormia.

4:35 da tarde  

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