10.9.12

Ah, nasceu o dia e eu aqui, de manhã, ouvindo os sons da rua em seu estranho e calmo sussurro. O mundo é azul, o mundo é roxo é vermelho como sopa de tomate, o céu laranja ilumina a manhã, o sol laranja como uma gema semicozida ou o olho solitário de Deus.

Quem diria, nós aqui e amanhã é preciso viajar, correr pelos campos com as mãos abertas e dizer "MAS QUANDO IREI VER DEUS NO FUNDO DOS OLHOS DE DEUS?". O vento é brisa enfurecida, as árvores beijam o vento, quem sou eu por detrás do mundo? As paredes do meu quarto, são altos os muros do pensamento, mas no mundo há muitas vozes (no sussuro dos prédios, nos cartazes da rua, na lua, no canto do bar onde aquele velho se esconde de mim e eu o deixo fugir).

Cheiro, o nariz é o bueiro do mundo, o fosso, o seu e o meu nojo, o resto de alimento a te apodrecer no meio de teus dentes.

Quantas coisas há a mais do que eu penso haver, quantos Deuses se escondem dentro de um único Deus, quantos segundos há no mundo, se para cada Ser o uno é infinito; quantos dias há mais por viver em cada um? O universo é inquantificável, eu me ajoelho diante de tudo o que é sagrado, eu me curvo perante o mundo sem números, deixe que ele te inunde as entranhas e escorra pelo seu cu, deixe que teu sangue fervilhe e teu rim o filtre, deixe que suas sombras te cubram debaixo das árvores mais altas, deixe que a tua sombra corra para bem longe do teu pé... que o mundo é tudo que você toca, e querer menos já é morrer.