25.4.07

A cidade invisível

São três e trinta de uma madrugada fria.

Da minha janela eu
vejo a cidade estendida
sobre um tapete vermelho:
Londrina, cercada
por um círculo
de horizonte negro.

Edifícios, massas de pedra,
cimento molhado
de lágrimas: a chuva
abafa a poeira
do chão. Calmaria
das estrelas.

As ruas estão
vazias. Por
dentro dos
prédios
as pessoas que não
enxergo dormem,
sonham com coisas
que nunca saberei
– e sequer imagino.

A vida repousa por entre
as casas. Há uma brisa que
me balança o cabelo, e
num instante
eu penso: “quem será
que vai tocar aquele par
de halos com
a ponta
da língua?”.

Os casais se amam
dentro de torres
de concreto. Não
ouço seus
suspiros, não vejo
seus corpos, sequer
sei quais são suas
faces. Só sei
,dessa maneira estranha,
que eles se amam.

As pessoas
são um grande
mistério, não é? São
pedras que não
se quebram com
beijos e afagos. As mãos que
tocam os seios estão sob
as cobertas, mas nem
elas nos descobrem.

Já estou cansado
de meus poemas. Vou
dormir depois
desse
cigarro.

A cidade
é invisível como
o coração
dos homens.

2 Comments:

Blogger Mura said...

A cidade é foda. Um dos Campos, no livro Galaxias escreve sobre a "onivoracidade", concretismo (ironia da palavra?) incrivel.
Triste também a cidade, tantas pessoas que se divertem, vivem, menos "eu", saca? Seria mais feliz se nao pensassemos nos outros, no quanto sao felizes, mas isso eh quase impossivel...

12:01 da manhã  
Blogger ... said...

bom isso

12:02 da tarde  

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