4.4.07

Era ele, cara! Eu não conseguia acreditar: o velho Rudolph estava ali, na mesa de bar, tomando uma cerveja comigo! Ele e eu, de novo, juntos, conversando sobre o jornalismo literário, cervejas, mulheres... aquelas coisas que não mudam o mundo, mas o tornam mais divertido. Então foi que seus olhos verdes de gnomo me olharam, e abriu-se um sorriso enorme em que a fumaça escapava pelos dentes... o sorriso que me dizia: “cara, isso aqui é bom, né? relaxa!”. Pois é... eu me sentia relaxado. Fechava os olhos e aí o corpo parecia o de menos... havia apenas um gosto metálico na boca enquanto tomávamos o tererê... o resto eram os pensamentos... Porra, era o Rudolph, cara! Eu o olhava e pensava: “que incrível! queria ter metade da coragem que esse cara tem...”. Foi ele quem me disse “imagina que demais eu fazer a reportagem e apanhar no final, igual ao Hunter Thompsom que arranjou treta no final do Hell’s Angels?”. É nessas horas que você pensa o quanto o papai Cobra só me ensinou a não viver enquanto ele não vivia. O Cobra também é O cara! A diferença entre ele e Rudolph é que ele só sabe bater, nunca aprendeu a apanhar. Os muitos anos de polícia o tornaram assim, meio vitorioso, autoritário. Não que isso o impedisse de ser um cara boa pinta, divertido, sorridente, que ama seus filhos e compra brinquedos, ri das piadas mais idiotas, fala de pau e buceta na hora do almoço... um verdadeiro tiozão, no sentido mais poético da palavra. Quando você mora com um delegado tiozão por dezoito anos, entende que não existem maniqueísmos. Todos são bons, e todos têm consciência de que são bons. Por isso não era incoerente pensar, naquele momento, que Cobra e Rudolph juntos iam se divertir... poderiam beber juntos, falar de futebol, quem sabe trocar idéias sobre o crime da rodoviária que vai se transformar em romance? Naquele momento, eu tinha certeza: os dois seriam os melhores compadres! Talvez ele até desse de mão beijada o grande final de seu livro... por que não? Imagine a cena: Cobra e Rudolph saem no tapa depois de uma discussão qualquer.... Rudolph apanha e, com o sangue na boca, termina o seu romance sobre o assassinato da rodoviária de Ponta Grossa! Eu sei, cara! Vai ser foda! Você vai conseguir! Esse livro vai ficar do caralho! Eu vou recomendar pros meus alunos de jornalismo: “leiam o livro gonzo do Rudolph, seus putinhos!”. O mais divertido é que o próprio Rudolph disse que não sabia direito o que era esse tal de gonzo...”o Júnior uma vez até me explicou o que era... e fazia sentido! Mas agora não faz mais sentido, porque eu não lembro o que era.........”. Eu também não sabia direito o que era o tal do gonzo, mas deu pra entender que essa frase sensacional tornava o velho Rudolph mais gonzo do que ele já era! “O Júnior é o cara! Ele vai enfiar o pé na própria merda e sair andando no Mc Donald’s pra fazer o TCC”... É mesmo, cara! Eu concordo. O Júnior é das pessoas que você passa a admirar em apenas dois dias de convivência. Queria ter metade da coragem dele também... metade da coragem do Cobra... também queria ter os olhos verdes meio avermelhados de Rudolph, olhos verdes cobertos de óculos verdes.... Eram imensos óculos, rapaz... e a lente redonda, enorme, tomando mais da metade da cara... Rudolph é daqueles caras que você tem dúvida se está bêbabo ou não, mesmo sendo meio dia da segunda-feira. Ele é muito caricato, cara! Quando fecho os olhos e penso nele, o vejo como um desenho, com um chapéu na cabeça, o óculos de lente verde, o charuto na boca, o sorriso duma inocência maldosa e um copo de cerveja na mão, me dizendo: “Isso é bom, né? relaxa...”. É isso, cara! Você é foda demais! Foda! Você é gonzo pra caralho! Nunca se esqueça que eu te amo! Não é coisa desse mundo... não é passageiro... é amor pra vida inteira! Porra, cara... é até foda de admitir isso justo hoje, que é aniversário dela, mas... eu te amo mais que minha mãe, cara!

*Bon Jon Bovi – alter-ego de Richie Sambora Jr.
com auxílio intelectual de uma dor de garganta, macarrão com creme de leite e o amor entre amigos

1 Comments:

Blogger Mura said...

"Todos são bons, e todos têm consciência de que são bons."
Du caraleo!!!!

12:07 da manhã  

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