30.5.10

É que as palavras são coisas
duras e ásperas, nelas
a nervura
do homem se concentra,
e em nossa garganta
ela levanta uma
faísca
prestes a virar chama,
em nosso ouvido
ela aquece o sangue
e alfineta nossa
mente: CRAPTU
SUNCTO, PREPARA-TÓRIUM.

Para o rastro dos
dias que ficaram para trás nós
falamos. Meus joelhos
ralados: ossos TRINCAM
FRINGEM, TANGREM, MIRUCUS

Nem o céu, nem as bolhas de sabão.
PALAVRAS de CONCRETO
E CARNE, como os homens
nas cidades noturnas
(a cidade é NEGRA
é SOMBRA à luz do DIA)

Que se for vento, é NAVALHA
Que se for brisa, é TIRO
Que se for morte, é BRECHA
Que se for mente, é CRÂNIO
Que se for triste, é VRYKUL-SHamnÁ-FRU TRÁ TRÁ

Morri com os dentes estourados na sarjeta
e um livro de barro abrindo-me ao mundo,
do meio ao fora, de fora a fora
rasgado e vazando
ENTRANHUS, INTÉSTINUS
FREZEZ, CACTUS, FINDUS