8.5.08

a janela

Um dia senti saudades
de uma sacada. Deixá-la era
deixar todo um mundo
claro como
o miolo do sol, horizonte
que se anunciava
no infinito que
nenhum par
de olhos
pode alcançar.

Hoje tenho medo
de deixar pra trás
a velha janela do edifício
Caiobá, onde um grande
tentáculo de concreto
revela em suas
entranhas opacas
toda a profundidade
da cidade invisível
como o
coração
dos homens.

É que a saudade
é esta
coisa estranha que dói na ponta
dos dedos e se encarna
no tempo presente
do meu corpo
cansado de
quarta-feira
à tarde.

1 Comments:

Blogger Mura said...

Saudade também é medo.

5:31 da tarde  

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