26.7.10

Goya, meu avô

BRRRRRRIIIIIIIIII
BRRRRRRUUUUU
BRRRRRRAAAAA


A ZINQUITESSÊNCIA!!!
A CHRONOCÓPULA!

OS FLUIDOS
OS FREUDES
O TEMPO!

ENFIEM A VASSOURA NO CU
ENFIEM A VASSOURA NO CU DO TEMPO!

meu avô está morrendo
meu avô está morrendo
o mundo não quer meu avô
ele esqueceu de mim
esqueceu de minha mãe
ele é um corpo sem alma
ele paira no ar
seus ossos velhos são a morte
seus ossos velhos o sustentam
seus ossos são ele mesmo
pobre velho em pó,
carcaça vazia na plena ponta da vida

eu sou cheio de dentes
eu tenho os dentes retos
e pra quê?
e pra quê tanta dor de dente?

ah meu velho, você olha para mim e pergunta
"quem é mesmo Karl Marx?"
porque tenho seu livro em minha estante.

Eu não sei responder
eu não sei quem ele é
eu não tenho tempo!

Há um desenho, uma foto

"a essência subjetiva da propriedade privada enquanto atividade sendo para si enquanto sujeito enquanto pessoa é o trabalho"

Meu avô, ave sem asas
,cabelos grisalhos que o trabalho te trouxe,
sabes agora o que fazer?

Eu vou te visitar antes que morra
(ANTES? ANTES? ANTES?!?!?!?!)

FLAMINGOS PELA NOITE!
(são rosas, as covas)

TUIUIU!!!!
TUIUIU!!!!

meu coração,
ela me deixou
EU TAMBÉM VOU ESTAR MORTO!

meu amor me olha.

no meu olho
vê meu avô
quando me esqueço de algo,
quando faço aquilo que sempre faço
ela me vê
como se vê a velhice em meu avô

"quanto mais?, quanto mais pode um homem?"

me chamem do que quiserem,
de frio de tolo de trágico,

mas pra quê dar de comer
ao monstro
na gaiola de nós?