15.10.10

Há três mil anos,
Deus apontou do céu seu dedo
enorme e ameaçador para
o Homem: "Seu
pequeno pedaço de merda
ande como um louco
para lá
e para cá
que a vida não é fácil EU te
dei o mundo porque
não quero passar
todos
os dias sozinho,
beije meus
pés, que minhas mãos
eu guardo para
masturbar minha
inteligência"

Hoje, a solidão de Deus é nossa
triste vingança; o
olhamos com nossos olhos
de Homem, lá longe,
se apagando como uma
estrela que no
exílio da noite
se afoga nas
sombras do universo.

E agora que Ele não está
aqui, agora que o
mundo se encolhe em nossas
mãos suadas de trabalho e utopia,
cremos na promessa de que
o Homem se faça Deus
por meio da arrogância
que Ele deixou para
trás antes
de partir: a nossa
fria, pobre
e inquestionável
Verdade.

no Mundo Prometido dos Homens
não há religião,
mas há ciência;
não há oração,
mas há literatura;
não há Verdade,
mas há Verdade,
(porque ter fé nela
é tê-la em Deus,
sem tê-Lo ao
seu lado)

Por isso hoje eu,
sozinho em minhas confissões,
isolado do mundo dos Homens,
busco Deus naquele lugar
onde Ele se perdeu, exilado,
nas profundezas
sombrias daquilo que
para os olhos abertos da Verdade se chama céu,
mas que
não tem
nome
para
meus
olhos
fechados.