10.9.12

Ah, nasceu o dia e eu aqui, de manhã, ouvindo os sons da rua em seu estranho e calmo sussurro. O mundo é azul, o mundo é roxo é vermelho como sopa de tomate, o céu laranja ilumina a manhã, o sol laranja como uma gema semicozida ou o olho solitário de Deus.

Quem diria, nós aqui e amanhã é preciso viajar, correr pelos campos com as mãos abertas e dizer "MAS QUANDO IREI VER DEUS NO FUNDO DOS OLHOS DE DEUS?". O vento é brisa enfurecida, as árvores beijam o vento, quem sou eu por detrás do mundo? As paredes do meu quarto, são altos os muros do pensamento, mas no mundo há muitas vozes (no sussuro dos prédios, nos cartazes da rua, na lua, no canto do bar onde aquele velho se esconde de mim e eu o deixo fugir).

Cheiro, o nariz é o bueiro do mundo, o fosso, o seu e o meu nojo, o resto de alimento a te apodrecer no meio de teus dentes.

Quantas coisas há a mais do que eu penso haver, quantos Deuses se escondem dentro de um único Deus, quantos segundos há no mundo, se para cada Ser o uno é infinito; quantos dias há mais por viver em cada um? O universo é inquantificável, eu me ajoelho diante de tudo o que é sagrado, eu me curvo perante o mundo sem números, deixe que ele te inunde as entranhas e escorra pelo seu cu, deixe que teu sangue fervilhe e teu rim o filtre, deixe que suas sombras te cubram debaixo das árvores mais altas, deixe que a tua sombra corra para bem longe do teu pé... que o mundo é tudo que você toca, e querer menos já é morrer.
Oh! wowooooooowwwww
e o ritmo de seu coração é
dança
é corpo
é fogo é
a morte sussurando em bim bam bum tchá!

Teu pescoço é o pillar do coração
que se quebra e pá, pum pêi!

Toca o coração do céu!
Toca o coração do teu coração!
Pra dentro, ao fundo, no meu, no seu RÁ-TÀ-TU

Quem sabe os deuses não te cantam.
Quem sabe você não se torna um Deus
e amanhã, quando o sol se pôr
teus ouvidos se abrirão, para algo maior que a morte

BEM BEM BEM maior que a morte!
BEM maior que o mundo
BEM maior que o céu
BEM maior que o sorriso de teu pai, esperando que retorne para a casa.

Escuta Escuta,
nada nada nada
sobra de teu corpo sórdido.

A morte é batida em teus ossos
são os ossos roendo-se em teus nervos
quem sabe lá, um dia, você veja
quem sabe depois da morte,
onde nada há
quando nada há
quem nada há
porque nada nada nada há!

Talvez não hoje, talvez não agora
mas amanhã te verei-ei-ei,
no escuro da noite
no fervilhar da noite
no sol escondido em teu corpo
no rio escondido em teu corpo
no corpo escondido em teu corpo

por onde mais, hey, por onde mais
caminharemos, companheiro?

por onde mais veremos o sol
do teu coração
pulsar no azul do céu que é o homem?