Corpo e Silêncio
Caladas, as
mãos nos
dizem mais que
o barulho das
palavras – o coração
é uma bomba de
chumbo que
explode no
silêncio da
madrugada.
II
Há no silêncio
uma armadilha
de que o coração
não escapa: cada toque
da língua é o gume
de uma faca.
III
O sangue corre
nas veias como
a brisa pelas
casas: o silêncio
inunda o corpo
como um
incêndio que
se alastra.
IV
O vento invade
a boca quando
se separam as
duas línguas: a palavra
nasce onde dois
corpos amando
se trincam.
V
Se o sol nasce
entre os prédios
da cidade, um circo
de silêncio
se apaga: o amor
eterno é uma
piada mal contada.