12.1.11

E a morte é pesada,
como um sussuro, um passo em
falso, a madrugada,

é pesada como uma folha
de papel

é pesada como um homem
parado em frente ao
portão, debaixo da árvore
com sombrancelhas
grossas, esperando o sol deitar
para deitar com
ele em sua cama.

é pesada, maciça,
como o cheiro da hortelã,

é pesada, como um pássaro
que pousa
nos galhos de uma
goiabeira

é pesada como quem quer que seja
esperando a morte
com os olhos voltados a Deus

NÃO HÁ LEVEZA NA MORTE

ela explode em silêncio

(e que silêncio é pior
que o peso abafado
de uma pedra
feita de ossos
e carne?)
De volta à calma do mundo
onde meus pés se incham
e meu coração repousa,
esperando
a morte.

De volta a este chão,
a essa cadeira, de volta
ao centro da vida
onde me lembro
estar só.

De volta a mim
plantado na
terra
que me chama pelo nome
"não se vá".

Estou aqui
nem o vento me leva embora

Como ser um licantropho?

A lua sussurou em meu ouvido
"não morra"
e eu disse
"para que há anjos, senão para isso?"





O sono é Deus
tocando nossos olhos
por dentro
do globo.